Eric Viennot
A VIDA NÃO SE CINGE AOS VIDEOJOGOS



Perfil - 08 / 02 / 07

 

Eric Viennot nasce a 10 de Março de 1960 em Lyon, França. É sem dúvida um dos mais talentosos game designers franceses, talvez mesmo o mais talentoso da actualidade. No entanto, nada o predestinava a ser. Formado em artes plásticas, dedica-se nos anos 80 à fotografia, à pintura e a filmagens. Participa com o grupo Equipage 10 em várias exposições multimédia e expõe em França, Alemanha, Itália e Dinamarca. Posteriormente, foi docente na Universidade da Sorbonne em Paris durante 5 anos. Em 1990, cria o estúdio Lexis Numérique com Marie Viennot, sua irmã, e José Sanchis, que se tornará seu cunhado e sócio. Pioneiro no campo das imagens 3D, participa desde 1994 em vários projectos multimédia como designer gráfico e director artístico.


L'album secret de l'oncle Ernest

Em 1998, cria l’Album secret de l’Oncle Ernest, primeiro episódio de uma saga de jogos de aventura para crianças, que recebeu vários prémios internacionais. Uma obra a meio caminho entre os jogos de aventura point’n’click e os programas educativos. Seguirão mais quatro episódios: Le fabuleux voyage em 1999, L’île mystérieuse em 2000, Le temple perdu em 2003 e La statuette maudite em 2004. A saga narra as aventuras rocambolescas do tio Ernesto através de um album interactivo vivo. Uma experiência repleta de poesia e nostalgia para crianças mas que também conseguiu cativar os mais crescidos. Teve um imenso sucesso e foi traduzida em quinze línguas, nomeadamente em português. A saga de l’Oncle Ernest representa uma das obras vídeo lúdicas basilares para crianças. Em 2000, é adaptada em livro pelo próprio Eric Viennot.


L'album secret de l'oncle Ernest

Em 2002, cria a saga La Boite à bidules de l'Oncle Ernest, um spin-off da saga l’Oncle Ernest, para um público ainda mais jovem (a saga l’Oncle Ernest era destinada a crianças entre 8/12 anos). La Boite à bidules narra as aventuras de quatro brinquedos retro que vivem num sótão. Quatro episódios serão lançados.


In Memoriam

Em 2003, é a consagração. O estúdio Lexis Numérique revoluciona o género moribundo dos jogos de aventura com In Memoriam (Missing nos Estados Unidos). Concebido e realizado por Eric Viennot, In Memoriam é o primeiro thriller interactivo à convergência entre os videojogos, o cinema e a Internet. A história é simples. Jack Lorski, um repórter, e a sua amiga Karen Gijman desapareceram. Posteriormente, a agência de Jack recebe um misterioso CD-ROM, concebido e enviado por um serial killer chamado Phoenix, que contém todas as pistas para encontrar os desaparecidos. Único senão, para decifrar as pistas é necessário resolver um conjunto de enigmas que só os mais perspicazes serão capazes de resolver. Para aumentar as hipóteses de os encontrar, a agência decide tornar público o CD-ROM. É assim que nos chega as mãos. O jogador encarna a sua própria personagem. Não se trata aqui de encarnar um terceiro e de viver uma aventura em mundos virtuais. Encarnamos a nossa própria pessoa, no mundo real e temos que tentar resolver os enigmas contidos no CD-ROM na esperança de ajudar a encontrar os desaparecidos.

Para nos ajudar na resolução dos enigmas, Phoenix, o serial killer que enviou o CD, fornece-nos pistas ao conta-gotas, fornecendo inclusive falsas pistas. Podemos também consultar uma base de dados virtual que contém textos e vídeos, entre outros. Mas em vez de consultar apenas a base de dados do próprio jogo, algo já visto em outros jogos, In Memoriam requer que façamos pesquisas na real World Wide Web. A Lexis Numérique criou todo um conjunto de sites e até fóruns para dar credibilidade à intriga. Somos também obrigados a consultar verdadeiros sites para encontrar informações sobre uma localidade por exemplo.


In Memoriam

Houve inclusivamente uma série de sites verdadeiros que participaram na operação, relatando informações sobre o desaparecimento. Se fizerem uma pesquisa no Google com o nome Jack Lorski encontrarão notícias do seu desaparecimento. É até pedido, no início dos jogo, para fornecermos um endereço e-mail, a fim de recebermos e-mail com informações preciosas. Em França, podemos mesmo receber SMS e telefonemas. Uma imersão total, algo nunca visto antes. Realidade e ficção nunca estiveram tão próximas numa produção vídeo lúdica. Eric Viennot consegue com uma produção aos visuais minimalistas alcançar uma imersão sem precedentes. Provando que a imersão vídeo lúdica alcança-se na relação com o jogador e não atingido um realismo gráfico.


In Memoriam - Treizieme Victime

Os visuais do jogo são minimalistas mas são perfeitos. Preocupantes, permitem instaurar um ambiente pesado próprio à temática abordada. Um ambiente digno dos melhores filmes do género. Os vídeos têm excelente qualidade e a excelente representação dos actores reforça a verosimilhança do universo. O jogo obteve um reconhecimento mundial que permitiu a Eric Viennot obter um reconhecimento como game designer e autor.

Le Dernier Rituel

Em 2004, lança o add-on para In Memoriam La Treizieme Victime (A décima terceira vítima) e em 2006, a sequela Le Dernier Rituel (O último ritual). Em paralelo, Eric Viennot participa em várias produções para crianças (Les aventures du poisson Arc-en-ciel, La Belle et la Bête, E.T. l’extraterrestre, Le Livre de la Jungle...). Colabora como director artístico em projectos ludo-educativos e didácticos para editores como Hachette, Nathan, Armand Colin, TLC Edusoft, Emme Interactive e BMG Interactive. Supervisiona também séries como Alexandra Lederman e C’est pas sorcier.


Experience 112

O último jogo do estúdio Lexis Numérique, Experience 112, um jogo pensado e realizado por Nicolas Delaye mas com participação no argumento de Eric Viennot, foi lançado em Outubro deste ano. Trata-se de um jogo de aventura com um argumento envolvente, cuja originalidade reside no facto de não se controlar directamente a protagonista principal da história, Léa Nichols. O jogador incarna outra personagem, da qual nada se sabe, apenas que tem acesso a um sistema de segurança que lhe permite observar e dirigir câmaras de segurança, abrir portas, acender luzes. Assim podemos dar indicações à heroína e ajudá-la na sua progressão. É possível afixar até três câmaras simultaneamente. Temos então uma personagem que vimos mas que não dirigimos e uma personagem que não vimos e que dirigimos. Com essa dupla complementar temos um gameplay inovador que funciona a maravilha. Um dos jogos do ano 2007 sem dúvida.

Experience 112

Para Eric Viennot, os videojogos são um novo media que permite contar histórias de uma forma inédita e revolucionária. Interessa-se principalmente pela ficção interactiva porque acredita que os videojogos, um século após o cinema, inauguram uma nova narrativa capaz de transmitir novas emoções. Actualmente consagra o seu tempo à criação de novos projectos vídeo lúdicos para Wii, DS e PC mas também a escrever o argumento de um novo tipo de ficção televisiva interactiva misturando vários medias como a Internet, os blogs, a telefonia móvel, a imprensa e os videojogos. Um conceito de ficção total iniciado com In Memoriam, que permitirá, além de uma aproximação do real e da ficção nunca vista, atingir uma imersão sem precedentes.

Em Março de 2007, recebe das mãos do ministro da cultura francês o título honorífico de Chevaliers des Arts et des Lettres, título atribuído pelo ministério da cultura francês àqueles que se destacam no mundo da cultura: a consagração de um dos últimos game designers que realmente faz progredir os videojogos.

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