Perfil - 03 / 01 / 08

Parte I
Do anonimato ao reconhecimento

Henk Nieborg é um dos expoentes máximos da pixel art europeia e, sem dúvida, um dos mais talentosos de sempre na sua área. O seu trabalho é portador de um cunho pessoal e do peculiar gosto pelo detalhe e pela suavidade das animações que compõe para os seus jogos. Durante anos, Henk desenvolveu a sua técnica de desenho em através de um software chamado KOALA-PAINTER que corria no Commodore C64 – sistema que marcou profundamente a sua vida. Numa ocasião que recorda com alguma infelicidade, Henk vendeu o seu C64 de forma a poder progredir para o então novíssimo Amiga 500. A sua técnica de desenho de bitmaps progredia descaradamente e não tardaria muito até que o seu pequeno hobby se transformasse na sua forma de expressão artística.

Fascinado pelas possibilidades do Commodore 64, Henk Nieborg utilizava um televisor a preto e branco juntamente com o seu joystick Suzo para desenhar com o programa Koala Painter. (Fonte da imagem: website de Henk Nieborg)

A entrada de Henk Nieborg no mundo dos videojogos foi o produto do acaso. Numa visita de amigos no verão de 1989, Henk teve a oportunidade de conhecer Erwin Kloibhofer, um programador austríaco com o qual formou uma dupla que durou mais de meia década. Nesse mesmo ano de 1990 começou a produção do seu primeiro projecto sério, GHOST BATTLE para o Amiga, um produto derivado de GHOSTS ’N GOBLINS da CAPCOM que os dois jovens conseguiram vender à Thalion, uma pequena companhia alemã formada em 1988 por Eric Simon e Holger Flöttmann.

Desafiando os limites preestabelecidos, Henk Nieborg optou por alguns desenhos mais ousados no seu jogo GHOST BATTLE (1991), algo que lhe valeu o interesse de empresas como a Thalion e, mais tarde, a Psygnosis.

Foi o próprio Eric Simon o responsável pelo game design do novo projecto de jogo da dupla e que viria a ser conhecido como LIONHEART, um dos mais memoráveis títulos do Commodore Amiga sobretudo pela alta resolução gráfica e cor impressionante. O trabalho de Henk e Erwin durou cerca de 12 meses, compreendendo o design não só dos gráficos para os níveis assim como as personagens e as suas animações. O sistema de jogo, por sua vez, recordava o títulos arcade populares como RASTAN, no seu modelo clássico de plataformas/combate onde o herói empunha uma espada. Foi este, de resto, o título que os tornou conhecidos neste meio em expansão e que salvou a Thalion de um fim precoce.

Para muitos dos fãs nostálgicos do Commodore Amiga, LIONHEART continua a ser o exemplo máximo daquilo que o hardware permitia no seu tempo, devido ao colorido abundante, parallax scroll e suavidade de animações.

Após uma excelente recepção do jogo, os dois jovens tentaram a sua sorte como freelancers nos seus próprios países de origem, negando uma sequela que a companhia alemã lhes tinha sugerido. Separados por quilómetros de distância, ambos continuaram a trabalhar de perto um com o outro. Todavia, não iria passar muito tempo até que um estúdio inglês de Liverpool os convocasse para uma entrevista. Considerado por muitos como um dos mais importantes estúdios de criação de videojogos em Inglaterra, a Psygnosis reconheceu as qualidades e atributos destes dois talentos e suscitou um novo projecto: desta feita um jogo para a grande consola do mercado actual, a Mega Drive.

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