Baiyon
A criação de Eden - Parte 1



COREgaming - 19 / 11 / 08

 

PIXEL JUNK EDEN é o terceiro título de uma série iniciada pelo estúdio Q-Games, inaugurado em Quioto por Dylan Cuthbert e Kenkichi Shimooka. No espírito de criação livre que tem vindo a caracterizar esta singular série, Cuthbert aliou-se a Baiyon, um artista independente também residente na mesma cidade, de forma a poder criar um jogo que expressasse grande mestria audiovisual, assim como uma jogabilidade inovadora e capaz de unificar todos os aspectos sensoriais num só momento, único e hipnotizante.

O trabalho de Baiyon é notável desde o primeiro momento: a utilização de gráficos vectoriais dinâmicos apresenta uma séria alternativa ao uso constante dos volumes tridimensionais enquanto fornece elementos coloridos mais simples e cuja comunicação com o jogador se estabelece de forma mais directa e concisa. No entanto, a sua função no jogo ainda inclui a criação de toda a componente áudio, desde os subtis efeitos sonoros até aos ritmos techno do acompanhamento musical que conferem maior sentido à experiência.

De forma a compreender melhor as decisões por detrás da criação de EDEN parti em busca do artista independente japonês, naquela que será a primeira parte de dois artigos dedicados à criação do jogo da Q-Games. Feliz pela sua estreia como membro activo no meio dos jogos de vídeo, Baiyon mostrou-se extremamente prestável na hora de responder algumas questões sobre a sua carreira artística e o momento da sua vida em que travou conhecimento com Dylan Cuthbert e se juntou à Q-Games para a criação deste fascinante projecto.

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COREGAMERS : O teu trabalho como um artista varia entre diferentes formas de expressão, desde visual, material e musical – assim como em eventos de expressão livre e urbana. O que te atraiu no mundo da arte?

BAIYON : Desde criança que sempre adorei desenhar coisas. Cresci e frequentei e completei o curso de arte ocidental na Universidade. Depois de terminar o curso adquiri um computador de forma a poder seguir o meu interesse por tecnologias informáticas e composição musical.

Na Universidade, passava quase todo o meu tempo a criar e ouvir música. Tomei uma pequena pausa do lado visual das coisas mas senti-me novamente atraído pelas artes visuais com a vontade de criar novos gráficos. Esta nova direcção cortou com todas as minhas frustrações do passado e comecei a achar que era extremamente recompensador e divertido criar arte desta forma (gráficos e ao mesmo tempo música).

Melhorei ao longo do tempo e também aprendi como criar sons e música. A velocidade com que eu comecei a produzir novos conteúdos aumentou e eu nunca mais olhei para trás. Até este dia, se eu penso que uma ideia minha é interessante, eu tento sempre deitar algo cá para fora.

CG : A julgar pelo seu site, o teu trabalho parece ser familiar e ao mesmo tempo refrescante. Quais são as maiores influências e motivações para o teu trabalho?

BAIYON : Existem muitos trabalhos por aí que eu adoro. Claro, esses são trabalhos que me influenciam como um artista. Também sou muito influenciado pelo meu passado e pelas experiências que me trouxeram até aqui hoje. Uso com regularidade as minhas experiências pessoais e do passado como motivos para o meu trabalho.

CG : PIXEL JUNK EDEN é a tua primeira participação num jogo de vídeo. Como é que o estúdio Q-Games, nomeadamente o fundador Dylan Cuthbert se aproximaram de ti? Como te sentiste face à perspectiva de trabalhar num jogo de vídeo?

BAIYON : Eu sempre quis estar envolvido no processo de criar um jogo. Os dois pilares do jogo – gráficos e música – são media com os quais trabalhei toda a minha vida por isso senti-me muito entusiasmado porque onde os dois se intersectam, num jogo, é precisamente onde eu me consigo expressar na totalidade. Eu conheci o Dylan da Q-Games numa festa em Quioto. Eu disse-lhe que tinha a vontade de fazer jogos desde sempre e felizmente ele conhecia o meu trabalho, tendo mencionado que tinha um projecto que poderia adaptar-se bem com o trabalho que eu fazia, por isso combinámos ter uma reunião mais formal.

O projecto de que ele falou eram os jogos PIXELJUNK e desde aí que comecei a trabalhar para saber como transformar os meus gráficos e sons num jogo. Como poderiam os meus gráficos ser reproduzidos num jogo e como é que isso afectaria a jogabilidade? Nós, o director e a equipa do jogo, fizemos bastantes erros durante este processo, mas todos aprendemos imenso.

Sempre quis trabalhar em game development, por isso estou muito feliz por ter conseguido tornar isso numa realidade.

CG : Qual a natureza do teu envolvimento neste projecto? Tiveste de criar tudo de novo ou reaproveitaste algumas das tuas ideias prévias?

BAIYON : Eu exerci funções como Art Director e Sound Director para este jogo. Fui responsável pelos gráficos, música e efeitos sonoros. Quase todas as faixas que eu usei no jogo são novas. No entanto, estas músicas são essencialmente uma extensão da música que tenho vindo a criar. A única que se podia ter ouvido antes do jogo é a faixa utilizada para o final do jogo, ‘3 across 4’.

Essa pista também usa um sample gravado em Quioto (o som de uma buzina). Como deves saber, estou sediado em Quioto tal como a Q-Games por isso era importante para nós incluir um motivo da cidade no jogo, algures. Estou feliz por esta música “quiotoesca” ter sido usada precisamente para o final do jogo.

CG : Como tantos outros, partilho da opinião de que os gráficos vectoriais são fascinantes. Uma composição visual como a do jogo EDEN é uma excelente solução para criar ambientes gráficos impressionantes, suaves e de alta definição sem as despesas associadas ao trabalho com motores gráficos em 3D. Como um artista, o que pensas do poder dos gráficos vectoriais – o que é que os torna únicos?

BAIYON : Eu adoro trabalhar com curvas Bézier. Estou completamente associado aos gráficos vectoriais devido ao meu trabalho em 2D e com revistas, capas de álbuns e CDs, assim como os desenhos que faço para vestuário. Temos uma escolha nos jogos: trabalhar em 2D ou em 3D e é claro que o 3D tem as suas qualidades especiais. Contudo acredito que com EDEN, dado o poder e as especificações da PS3, a combinação destes belos e misteriosos desenhos de plantas com vector graphics originam possibilidades ilimitadas.

Ao mesmo tempo também adoro 3D…

CG : Foste inspirado por algum jogo que tenhas jogado anteriormente na criação dos componentes audiovisuais do jogo EDEN, ou simplesmente olhaste para o fundo da tua própria arte e expressão artística?

BAIYON : Como um artista eu retiro as minhas inspirações de uma ampla variedade de fontes: sou influenciado por diferentes criações de formas diferentes. É difícil exprimir isto em palavras, mas antes de começar a criar jogos já sentia a influência que os gráficos e música dos videojogos tinham e que eu encontrei na minha própria experiência como jogador. MOTHER é o meu jogo favorito de sempre.

Em termos de comunicação com outros artistas? Eu penso que todos podemos aprender imenso com o exemplo de Itoi Shigesato, um dos meus heróis e modelos.

CG : Está-se a tornar cada vez mais importante a colaboração entre artistas independentes e os estúdios de criação dos jogos de vídeo, perseguindo objectivos diferentes. O que pensas dos jogos de vídeo como um meio expressivo?

BAIYON : Sim, eu concordo. Há séculos que queria participar na criação de jogos de vídeo e ao criarmos o PIXEL JUNK EDEN eu senti como se tivesse concretizado um objectivo e ao mesmo tempo descoberto o potencial ilimitado deste meio.

CG : Tens intenções de voltar a participar na criação de um jogo no futuro? Que projectos se seguem para ti?

BAIYON : Sim, tentarei continuar a trabalhar com videojogos – fiquem atentos a este espaço!

( see also: A Criação de Eden Parte II - Entrevista com Dylan Cuthbert )



Um artista multifacetado

BAIYON é um artista multimedia independente que vive em Quioto. Os seus trabalhos abrangem o design gráfico, composição e produção musical. No seu site Baiyon.com disponibiliza uma extensa lista de trabalhos, desde os seus próprios CDs de música, flyers, posters e roupa entre muitos outros produtos.


PIXEL JUNK EDEN

Posters/Flyers

Albums/Covers

Clothing/Products

 
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